terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Imagina

 Hoje apetece-me imaginar. Libertar completamente o pensamento que se prende aqui dentro de mim e deixá-lo voar para ti, pois és tu quem lhe dá as asas de que tanto precisa para se levantar quando adormece por dias e dias.
 Talvez o use demais, talvez o deixe exausto, talvez deite tudo cá para fora aos soluços e solavancos num estrondo de palavras de cada vez. Mas no tempo em que esta imaginação desequilibrada desmaia, mais e mais pensamentos de ti se juntam e, mais cedo ou mais tarde, mais um soluço, no meio de um choro de sentimentos e emoções, é atirado para uma folha em branco em que imagino dois bonequinhos sorridentes: um com o meu nome e outro com o teu.

 É mais um dia que passa e mais um dia em que o nervoso miudinho aumenta para se tornar num bem adulto. Mais um dia que passa e menos um para te ver, por isso hoje, fora de todos os outros dias, peço-te que imagines comigo.
 Imagina o dia em que te vir, o dia em que te tocar outra vez e te sentir mais perto que nunca. Imagina o dia em que vou ser só eu e tu depois de chamadas em que só a visão trabalha. Imagina o meu toque, o meu cheiro, a minha mão na tua, os meus braços em ti e os meus lábios nos teus. Imagina uma tarde de cinema em que encostas a tua cabeça de cabelos pretos ao meu peito, contentor de uma máquina que bate mais do que alguém aguentaria mas que se acalma ao mesmo tempo por te ter tão perto, tão pacífica e tão magnífica, tão bonita e tão perfeita quanto te recusas a acreditar que és.
 Pois então imagina. Imagina os teus olhos nos meus e dois pequenos sorrisos que crescem com o amor no coração. Imagina que te prometo que nunca vou deixar de te imaginar tão perfeita como és e que nunca vou deixar de imaginar como seria deixar a imaginação levar-me mais à frente, nas suas asas enormes, e mostrar-me um futuro que nunca vou deixar de imaginar tão perfeito.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Perfeição """ Perfection

 A perfeição é relativa. Não podemos defini-la nem tomá-la como certa pois é formada pela imaginação de cada pessoa. Diz-se portanto que algo assim, sem falhas nem defeitos, não existe: é mito puro e duro e não pode ser alcançado por ninguém.

 Pois concordo então em discordar do resto das pessoas que têm esta opinião tão seca e sem graça. Compliquemos um pouco as coisas e passemos à parte em que se diz que o ser humano é imperfeito, o que é uma verdade indiscutível mas que, só por si, se contraria a si própria trazendo à tona a frase: "Somos perfeitos nas nossas imperfeições."
 Realmente todos temos imperfeições mas, se há coisa em que não falhamos é em falhar. Todos temos os nossos pequenos defeitos que a vida acaba por compensar ao longo do tempo, trazendo ao nosso encontro uma segunda pessoa, perfeita naquilo em que nós próprios erramos e, por isso, discuto aqui que todos somos perfeitos. Pelo menos perfeitos para alguém.

 Era pequenina e maneirinha, com olhos grandes e vivaços da cor dos meus e com cabelo bem comprido, preto e brilhante. Tinha um sorriso enorme e animado que corria livre por entre os seus lábios da cor de rosas e que esboçava um, tosco e desajeitado, entre os meus. O seu corpo era suave nas suas curvas sem falhas e que formavam vales perfeitos naquela que, para mim, era a perfeição em pessoa.
 Estava longe. Longe o suficiente para saber que talvez a queda fosse grande demais se tentasse tocar-lhe, nem que fosse só com a ponta dos meus dedos que pareciam demasiado curtos mas que, no entanto, não deixavam de sentir a tentação de arriscar o risco e sentir a pequena "anjinha" que saltitava feliz do outro lado do abismo.Ela olhava o meu olhar desesperado, mandava-me um beijo em retorno, sentava-se no seu vestido azul e esperava.
 Todas as noites o sonho era o mesmo e todas as noites eu me perguntava o que seria que ela esperava com aquele seu ar tão alegre e ansioso, até que o sonho mudou: ela sentou-se outra vez, voltou a usar uma pequena ansiosidade nos olhos e no riso até que se levantou, flutuou pelo meio do abismo e colou o seu narizinho perfeito ao meu. Acordei ao mais leve sinal do seu toque frio, abri os olhos e entrei noutros por uns segundos: grandes e animados como os da menina do sonho. Até que os lábios se moveram e, do fundo de si, vieram as palavras mais confortantes e perfeitas, seguidas do seu sorriso brilhante: "Bom diia, meu parvinhoo".


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  Perfection is relative. We can't give it a definition or even take it for granted, because it is part of anyone's imagination. It is, so, said that something like that, without any flaws or defects, doesn't exist: it is a mith and it can't be accomplished by anyone.

  Well, then I'll agree to disagree from anyone that has this graceless opinion. Lets complicate things a little bit and talk about us, the human being, being imperfect, which is an unquestionable truth that, in the end, contradicts itself by bringing up this sentence: "We are perfect in our imperfections."
  We all really are defective